Antônio Bispo, ou como ele gostava de ser chamado, Nego Bispo, nasceu em 1959 no vale do rio Berlengas em Francinópolis, Piauí. No entanto, foi em São João do Piauí que ele viveu, aprendeu e foi influenciado pelo conhecimento transmitido pelos mestres e mestras do quilombo Saco Curtume.
Nego Bispo foi uma voz incansável na luta pela defesa das comunidades quilombolas no Brasil. Ele foi o primeiro membro de sua família a ser alfabetizado e foi convidado a ser professor no Encontro de Saberes na Universidade de Brasília/INCTI e na Formação Transversal em Saberes Tradicionais na Universidade Federal de Minas Gerais. Ele deu palestras, conferências, ministrou cursos e escreveu livros, artigos e poemas.
Em São João do Piauí, Nego Bispo foi convidado pela Rádio Malhada do Jatobá para apresentar um programa que representasse as comunidades quilombolas. Foi assim que nasceu o programa de rádio Comuna Rádio Show, que sempre abordava temas controversos e ficou no ar por muito tempo. Ao mesmo tempo, ele foi convidado para ser comentarista do Jornal da Comunidade, também na Rádio Comunitária Malhada do Jatobá.
Com sua voz incansável, Nego Bispo viajou por quase todo o Brasil e também para outros países, onde defendeu teses e representou o povo quilombola. Além de poeta, ele era escritor e publicou várias obras, sendo a mais recente intitulada "A Terra Dá, A Terra Quer".
No início da noite de domingo, dia 3, Nego Bispo faleceu devido a um ataque cardíaco causado pelo diabetes. Ele passou mal no assentamento do Saco Curtume, onde morava, enquanto se dirigia a uma área de lazer chamada Caldeirão de Quilombo, onde seu filho estava trabalhando. Apesar de ter sido levado para o hospital, ele não resistiu e faleceu. O velório foi realizado em sua residência no assentamento Saco Curtume, e ao longo do dia, muitas pessoas compareceram para prestar suas homenagens.
Nego Bispo, que nos deixou aos 63 anos, deixa esposa, filhos, netos, amigos, parentes e toda a população, especialmente as comunidades quilombolas, de luto e entristecidos por sua partida. Sua voz e seu trabalho incansável continuarão a ressoar na defesa e valorização das comunidades quilombolas, e seu legado será lembrado para sempre.