Em meio a um cenário de taxas de juros elevadas, inflação em alta e um dólar valorizado, grandes empresas brasileiras estão revendo seus planos de investimento, adiando projetos e reduzindo alavancagem. O aumento da Selic para 12,25% em dezembro, somado às projeções de um ambiente econômico desafiador nos próximos anos, tem feito até mesmo os maiores bilionários do país repensarem suas estratégias.
Um dos exemplos mais emblemáticos foi a decisão de Rubens Ometto, um dos nomes mais influentes do agronegócio e energia, de vender sua participação de R$ 9 bilhões na mineradora Vale no início deste ano. Ometto justificou a movimentação como uma necessidade de reduzir a alavancagem de seu conglomerado, a Cosan, e priorizar o pagamento de dívidas em um momento de custos financeiros mais altos.
A expectativa de um cenário econômico complexo nos próximos anos, com inflação acima do esperado, dólar forte e uma dívida pública crescente, tem levado executivos de diversos setores a adotarem uma postura mais conservadora. Muitos deles já sinalizaram que devem pausar investimentos até 2026, quando esperam que a eleição de um novo presidente traga mais clareza sobre o rumo da economia brasileira.
A Simpar, empresa de logística conhecida por seu perfil de investimentos agressivos, é um dos casos que ilustram essa tendência. De acordo com uma fonte familiarizada com o assunto, a companhia planeja reduzir seus investimentos em 2025 para o menor nível já registrado, em resposta ao cenário de juros elevados. A medida reflete uma estratégia de cautela diante de um mercado financeiro mais restritivo.
No varejo, a Sendas Distribuidora, uma das maiores atacadistas do país, também anunciou ajustes em seus planos de expansão. A empresa decidiu reduzir o número de novas lojas que pretendia abrir em 2025, como parte de uma estratégia para diminuir sua alavancagem e se adaptar ao cenário de custos financeiros mais altos.
Esses movimentos mostram que, diante de um ambiente macroeconômico desafiador, até mesmo as maiores empresas do país estão priorizando a prudência. A expectativa é que, após as eleições de 2026, haja uma retomada de confiança e um novo ciclo de investimentos. Até lá, o foco parece ser a redução de riscos e a preparação para um futuro mais estável.